“O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a
saber: a Daniel o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael o de
Mesaque, e a Azarias o de Abede-Nego.” (Dn 1:7)
Qual teria sido o motivo que levou o chefe dos
eunucos a mudar os nomes dos jovens príncipes de Judá? Seria porque os nomes
Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego eram mais bonitos? Acho que não,
porque afinal esses nomes são até bem “feinhos”, não acha? Ou pelo menos,
estranhos! Na minha opinião os nomes Daniel, Misael, Hananias e Azarias eram
mais charmosos!
Contudo, eles tiveram seus nomes mudados.
Imagino o chefão chegar perto deles e simplesmente informar: “De hoje em diante
o nome de vocês será: isso, isso, aquilo e mais aquilo” e ponto final. É uma
situação curiosa e constrangedora! Imagine: Você está “acostumadinho” com o seu
querido nome e, de repente, é obrigado a aceitar outro nome!
Afinal, mudar o nome de uma pessoa não é tão
simples assim! No aspecto emocional e psíquico do ser humano, o nome representa
identidade e influi na formação da pessoa, muito mais do que imaginamos.
Criamos dependência emocional ligadas ao nome, ao lugar onde vivemos, à
formação educacional que recebemos, e aos costumes que adquirimos.
Assim, tirar tudo isso de alguém, de uma hora
pra outra, significa puxar o tapete dessa pessoa, deixando-a desnorteada e com
sérias crises existenciais! Sabe-se que durante a escravidão, muitos escravos
africanos quando foram arrancados de sua terra e levados para outros
continentes, adoeceram de tristeza e nostalgia e alguns até morreram, por não
conseguirem se adaptar em terras estranhas.
Pense agora nos jovens príncipes de Judá que
foram levados a Babilônia, e que tiveram até os seus nomes mudados! Será que a
intenção era fazer com que eles esquecessem sua origem? Quem sabe, fazer com
que eles até desistissem de um dia tentar regressar ao seu país? Isso tudo é
possível, porém, no caso de Daniel e seus amigos, qualquer esforço de tentar
fazê-los abdicar de sua gente, de sua terra, de seu Deus, foi absolutamente
inútil!
Pois lá mesmo onde estavam, no meio de um
império idólatra, eles jamais se esqueceram do Deus Altíssimo e,
consequentemente, não poderiam esquecer nunca das leis do Senhor! Por mais
adversas que fossem as circunstâncias, eles tinham consciência da presença de
Deus! Ora, mudar o nome de uma pessoa não significa mudar a pessoa! E isto,
Daniel e seus amigos deixaram bem claro!
Os três companheiros de Daniel gritaram bem
alto o seu verdadeiro nome quando enfrentaram a fornalha ardente! Ali, eles
estavam dizendo: “Nós cremos no Deus Altíssimo e não vamos nos ajoelhar diante
de uma estátua!” Da mesma forma, Daniel, não teve nenhuma crise de identidade
quando enfrentou a cova dos leões, por se recusar a dirigir preces ao rei Dario,
e por decidir continuar orando ao Deus Altíssimo!
E os cristãos, hoje? É possível identificá-los
por nomes? Haveria alguma crise existencial que impedisse o cristão de
identificar-se? Em meio a tanta incredulidade, incertezas, heresias,
falsidades, haveria algum cristão com dificuldade para identificar-se com
Cristo? Observe como o Senhor Jesus expôs uma relação de perfeita identificação
entre Ele e seus seguidores:
“Em verdade, em verdade vos digo: O que não
entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é
ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta, esse é pastor das
ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama
pelos nomes as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer
sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem porque lhe
reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele
porque não conhecem a voz dos estranhos.” (Jo 10:1-5)
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