quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

NÃO VOU COMER ESSA COMIDA!

“Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.” (Dn 1:8)

Entre todas as qualidades do jovem príncipe Daniel, a mais importante era a sua fidelidade ao Deus Altíssimo. Daniel era um jovem judeu, da tribo de Judá - portanto, criado, educado conforme as leis do Senhor, Deus de Israel. E este jovem teve uma oportunidade para testar a sua fé, as suas convicções e o seu relacionamento com Deus.

Afinal, será que Daniel era fiel a Deus por ter sido orientado assim desde pequenino, ou seria fruto de uma fé genuína, de uma decisão voluntária, de uma convicção fundamentada nas leis do Senhor? Será que a fé de Daniel dependia de circunstâncias favoráveis? Como reagiria Daniel diante do primeiro obstáculo? Será que esse jovem amava realmente a Deus, por convicção própria, por uma manifestação de fé espontânea?

Essa resposta nós encontramos no registro sagrado, quando afirma: “Resolveu Daniel firmemente não se contaminar...” Por que esse jovem recusou as finas iguarias do rei e o vinho que ele bebia? Resposta: Porque era costume dos reis pagãos consagrar os alimentos aos seus “deuses”. Daniel não poderia de forma alguma ingerir alimentos contaminados. Essa contaminação era de ordem espiritual! Assim, o jovem judeu pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar.

Agora, preste atenção: Daniel estava sendo pressionado a tomar essa decisão? Por acaso ele estava sendo vigiado? Seus pais estavam ali, ao lado dele, cobrando uma atitude de fé? E os sacerdotes judeus, onde estavam? Então não havia nenhum sacerdote por perto? Mas e que tal se algum “pastor evangélico” aparecesse ali, apontando o dedo acusatório para Daniel e dizendo: “Cuidado que você pode ser excluído!” Ou ainda, o papa poderia ameaçar Daniel de ser excomungado!

Enfim, Daniel, se quisesse, se ele tivesse uma fé medíocre, se a religiosidade dele se amparasse em conceitos humanos, poderia se esbaldar em dissoluções, sem ter que prestar contas a ninguém! Ninguém estava vendo nada! Dissoluções sim, porque aqueles banquetes terminavam em bebedeiras e orgias sexuais! Daniel poderia até se desculpar, dizendo: “Coitadinho de mim! Prisioneiro aqui neste país distante! Preciso mesmo é aproveitar esta chance que o rei me dá e me deleitar com essas coisas!”

Entretanto, sem necessidade alguma de fiscalização, o nosso jovem provou amar ao Deus Altíssimo e o fez por sua própria decisão. Daniel propôs em seu coração não se contaminar! E os cristãos, hoje? E a juventude cristã, hoje, como procede? E as igrejas, chamadas cristãs, como se acham no direito de fiscalizar o comportamento de seus fiéis! É exclusão daqui, excomungação de lá, assembleia disciplinar por este motivo, decisão da comunidade por aquela razão!

E assim, na maioria das vezes, se um cristão evita praticar certos atos, é por puro medo, por pavor, porque pode ser rejeitado e, em outras épocas, até apedrejado! Pergunto: “Que valor tem isso tudo para Deus?” Se uma pessoa propõe em seu coração não se contaminar, como fez Daniel, isto não é razão para deixar o líder de sua igreja tranquilo? Isso não é prova de que esta atitude é resultado único e exclusivo de uma fé sincera e verdadeira e que independe de qualquer forma de obrigatoriedade?

Então, se alguém “só anda nos eixos” na base de ameaças e fiscalização, trate de pregar o evangelho para essa pessoa, porque ela ainda não se converteu, não foi regenerada, não tem nova vida, a divina semente ainda não brotou nesse coração, a fé ainda não raiou e o poder do pecado não se dissipou! Fazer brotar fé na base de regulamentos e medidas disciplinares pode ter algum valor para os líderes religiosos, mas, certamente, não tem valor algum para Deus!

Deus olha e conhece o coração! Cristo convida, mas não obriga! Quando um cristão segue a Cristo, ele o faz de coração, não por obrigação! Se as instituições religiosas se preocupassem em ensinar mais as Escrituras, descobririam que é a Palavra de Deus que regenera, não os regulamentos que elas estabelecem!


 “Vem. Aquele que ouve diga: Vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.” (Ap 22:17)    

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