“Assim, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Hagar
egípcia, sua serva, e a deu por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter Abrão
habitado dez anos na terra de Canaã. Ele conheceu a Hagar, e ela concebeu.
Vendo ela que concebera, desprezou a sua senhora. Então disse Sarai a Abrão:
Sobre ti seja a afronta que me é dirigida. Pus a minha serva em teu regaço, e
vendo ela agora que concebeu, desprezou-me. O Senhor julgue entre mim e ti.”
(Gn 16:3-5)
Aí está o resultado de uma atitude que não leva
em conta o propósito de Deus e o substitui por uma alternativa humana. Foi o
que Sarai fez. Por achar que Deus estava demorando demais em lhe dar um filho,
por sentir que suas possibilidades como mulher já haviam se esgotado, chamou
Abrão e lhe entregou a escrava Hagar para, através dela, conseguir o
descendente desejado.
Sarai não imaginava que sua serva egípcia,
Hagar, haveria de se sentir a toda poderosa, a partir do momento que conseguiu
engravidar. É possível que Abrão estivesse todo eufórico! Feliz com a ideia de
ser pai! Talvez passasse a tratar Hagar com mais atenção e consideração. Já não
a olhava mais como escrava, mas como a mãe de seu filho. Hagar, então, andava
nas nuvens! Sentia-se importante! Mais importante que sua patroa, Sarai!
À medida que a sua barriguinha crescia, mais
Hagar olhava Sarai com desdém! – Eu vou e posso ser mãe! Você, não! E quando
Sarai se lembrava de que fora ela mesma quem arranjara aquela situação, só
faltava chorar de desgosto: - Onde eu estava com a cabeça quando inventei esse
teatro? E nesse momento, Sarai percebeu que “não dá para criar filhote de tigre
como se fosse gatinho”. Enquanto o tigre é filhote, mostra-se engraçadinho,
carinhoso, gosta de colinho, dá tapinhas inofensivos e a gente se diverte!
Mas um dia, o filhote de tigre vira tigre
adulto e a natureza selvagem se revela. Só depende das circunstâncias, e ele
não hesitará em atacar o próprio dono, aquele que o criou com carinho, afeto,
achando que havia dominado para sempre a natureza hostil do bichinho. Este é um
princípio que deve nortear as nossas vidas, em todos os sentidos. Não dá para
pactuar com o perigo, sem que um dia sejamos vítimas dele.
Assim é que Hagar, a serva egípcia que
desprezou a sua senhora, não é a única pessoa que tentou passar uma rasteira no
seu superior. Este princípio está na natureza pecaminosa da humanidade. Neste
sentido, o ser humano é levado a agir consoante ao caráter daquele que um dia
ousou ser igual a Deus! Sim, Lúcifer ocupava uma posição de destaque na
hierarquia dos anjos. Até o dia em que ele disse: “Subirei acima das mais altas
nuvens; serei semelhante ao Altíssimo.” (Is 14:14) E foi banido da face do Senhor!
Contudo, analisando o episódio envolvendo
Abrão, Sarai e a escrava Hagar, percebemos que eles, mais especificamente,
Sarai e Abrão, criaram uma situação que poderia ter sido evitada. Sarai, por
acaso, perguntou a Deus se Ele concordava que ela desse sua escrava ao marido
para, através dela, terem um descendente? Não. Abrão, por acaso, perguntou a
Deus se ele devia aceitar ou não a proposta de Sarai? Não. Fizeram tudo por
acordo entre eles mesmos. Tanto é verdade, que o Deus Altíssimo não validou o resultado
daquela união, como sendo o descendente que Ele havia prometido a Abrão!
Afinal, Deus já havia declarado de forma muito
específica, que daria um filho a Abrão. Ainda que o filho nascido da escrava
Hagar, fosse também filho de Abrão, contudo a aliança de Deus seria
estabelecida com o descendente que Sarai daria a Abrão! Prevalece o que o Deus
Altíssimo determinou e não o que a vontade humana considera razoável! Dessa
forma, aprendamos: Fazer a vontade de Deus e não a nossa é o melhor caminho! “E
não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus.” (Rm 12:2)
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