“Disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de eu buscar-te um lar, para que sejas feliz? Ora, pois, não é Boaz, na companhia de cujas servas estiveste, um dos nossos parentes? Eis que esta noite alimpará a cevada na eira. Banha-te, e unge-te, e põe os teus melhores vestidos, e desce à eira; porém não te dês a conhecer ao homem, até que tenha acabado de comer e beber. Quando ele repousar, notarás o lugar em que se deita; então, chegarás, e lhe descobrirás os pés, e te deitarás; ele te dirá o que deves fazer. Respondeu-lhe Rute: Tudo quanto me disseres farei. [...] Então, lhe disse Noemi: Espera, minha filha, até que saibas em que darão as cousas, porque aquele homem não descansará, enquanto não se resolver este caso ainda hoje”. (Rt 3:1-5, 18)
Neste relato bíblico, os cristãos do mundo inteiro precisam conhecer os costumes, leis e normas da época em que os fatos aconteceram, para não tirarem conclusões equivocadas. Podemos imaginar Noemi, a senhora mais conhecedora e experiente da vida, naquelas circunstâncias, pensando: Preciso dar uns conselhos, uma ajudinha para Rute e Boaz, um “empurrãozinho”... Rute, muito ingênua, Boaz, muito sistemático... Essa situação precisa se resolver logo... Então: Rute, venha cá, preciso lhe dar uns conselhos: Esta noite vai ter festa de comemoração e gratidão pelo sucesso das colheitas! E você faz parte disso! Então, preste atenção: Tome um banho bem caprichado, use seus melhores perfumes, faça uma maquiagem sutil! Nada de exagero! Escolha seu vestido mais bonito! Fique bem linda, porque você vai a essa festa! Tenho uma missão importante para você! Quero que hoje você revele para Boaz que: “Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador”.
Particularmente, entendo assim: Minha sogra Noemi me explicou sobre a “Lei do Resgate” e que o senhor é um deles por laços parentescos! Ficarei muito feliz se o senhor estender a sua capa sobre mim! O que vale dizer “quer se casar comigo”? Ficarei feliz e muito honrada!
Você, que é cristão e está meio aturdido com tudo isso, procure um rabino e informe-se! As leis judaicas na época protegiam as mulheres em condições de “viuvez”. O objetivo, além de proteção era garantir um descendente para o parente falecido e não permitir que a família fosse extinta! É possível que ainda estejam em vigor. Outra coisa, não há indício no texto de que tenha acontecido, naquela ocasião, algum tipo de relacionamento íntimo entre Boaz e Rute, antes do casamento! Quando Boaz diz a Rute: “Não se saiba que veio mulher à eira”, era para proteger a reputação da moça!
Você acha que todos os acontecimentos transcorreram de forma fácil? Não! Surgiu uma dificuldade que poderia impedir a união do casal! Disse Boaz: “Ora, é muito verdade que eu sou resgatador; mas ainda outro resgatador há mais chegado do que eu. Fica-te aqui esta noite, e será que, pela manhã, se ele quiser te resgatar, bem está, que te resgate; porém, se não lhe apraz resgatar-te, eu o farei, tão certo como vive o Senhor; deita-te aqui até à manhã”.
Assim, Boaz, mesmo decidido e feliz pelo casamento que idealizava, precisava resolver, dentro da lei, os detalhes que lhe permitiriam realizar seu sonho, sem ignorar ou desrespeitar os direitos de seu concorrente. Comentaremos sobre isso na próxima ocasião!
Gostaria de destacar o conselho dado por Noemi a Rute, no que diz respeito à aparência física da moça, quando disse: “Banha-te, e unge-te, e põe os teus melhores vestidos”! Certamente não era porque Rute não gostava de tomar banho! Claro que não! Porém, no trabalho, na colheita, nas plantações, Rute não poderia apresentar-se com “roupa domingueira” e nem maquiada! Mas, numa festa de gratidão pelos bons frutos colhidos, agora sim, valorize-se, mostre sua beleza, sem ser vulgar! Entendo que esse é um precioso conselho feminino e que impõe responsabilidade sobre nós, mulheres cristãs! Hoje, na era do descartável, quando até a aparência física é totalmente alterável, ninguém sabe com quem está casando! Se retirar todos os “apetrechos” acrescentados, você vai conviver com... Nem sei! Entretanto, não é justo que a mulher use de artifícios para melhorar sua aparência, com o único objetivo de conduzir seu companheiro, nocauteado para o altar e, depois, viver relaxadamente, a ponto dele não querer voltar para casa, por ter sido enganado!
“Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede ao de finas jóias. Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada”. (Pv 31:10, 30)
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