“Então, chegaram todos os capitães dos
exércitos, e Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e todo o
povo, desde o menor até ao maior, e disseram a Jeremias, o profeta:
Apresentamos-te a nossa humilde súplica, a fim de que rogues ao Senhor, teu
Deus, por nós e por este resto; porque, de muitos que éramos, só restamos uns
poucos, como vês com os teus próprios olhos; a fim de que o Senhor, teu Deus,
nos mostre o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer.
Respondeu-lhes Jeremias, o profeta: Já vos ouvi; eis que orarei ao Senhor,
vosso Deus, segundo o vosso pedido. Tudo o que o Senhor vos responder, eu vo-lo
declararei; não vos ocultarei nada. Então, eles disseram a Jeremias: Seja o
Senhor testemunha verdadeira e fiel contra nós, se não fizermos segundo toda a
palavra com que o Senhor, teu Deus, te enviar a nós outros. Seja ela boa ou má,
obedeceremos à voz do Senhor, nosso Deus, a quem te enviamos, para que nos
suceda bem ao obedecermos à voz do Senhor, nosso Deus”. (Jr 42:1-6)
O texto bíblico acima, narra o procedimento do
resto do povo de Israel que escapara do exílio, na ocasião em que o rei de
Babilônia invadira o país, destruindo as cidades e aprisionando o povo. O rei,
propositadamente, deixou alguns para cuidar da terra, porém eles continuavam
sob o domínio de Babilônia. Ao que parece, não interessava ao restante do povo
ficar em sua terra na condição de escravos.
Provavelmente comentavam entre si: “Vamos
embora daqui! No Egito é melhor! O que adianta ficarmos neste lugar! Olha que
pobreza! Levaram tudo o que tínhamos! Que tal perguntarmos ao profeta? Melhor
ainda: vamos pedir que ele ore por nós, interceda e traga a resposta do Senhor
sobre esta questão: Devemos ir ou não ao Egito? ” Será que aquelas poucas
pessoas estavam mesmo decididas a obedecer à voz do Deus Altíssimo?
Note que por três vezes eles usaram a expressão
“ore ao Senhor, teu Deus” como se o Deus a ser consultado fosse o Deus só do
profeta, não deles! Jeremias respondeu “orarei ao Senhor, vosso Deus” e só
então eles concordaram, dizendo: “obedeceremos à voz do Senhor, nosso Deus”.
Isso parece indicar que o distanciamento deles em relação ao Deus Altíssimo era
tão grande, que eles não se sentiam no direito de dizer: “Senhor, nosso Deus”.
Afinal, lendo todo o capítulo e mais alguns
seguintes, você vai perceber que eles não cumpriram, ou melhor, não obedeceram
à palavra do Senhor. A ordem que o Deus Altíssimo enviou através do profeta
Jeremias, pedia que o povo ficasse na sua terra, sem temor, pois o Senhor
prometeu que os abençoaria e os livraria de todos os perigos. Então, não vão ao
Egito! Mas, eles foram! E sabe o que mais? Levaram o profeta junto, contra a
vontade dele! Como quem diz: Você é a nossa garantia!
É de se perguntar: Afinal, por que, então, eles
pediram ao profeta para interceder por eles junto a Deus, a fim de saber qual
era o direcionamento que agradava ao Senhor, para depois fazer exatamente o
contrário? Não basta saber qual é a vontade de Deus. É preciso também cumpri-la!
Não haveria em nós essa mesma tendência de desobediência obstinada? Na maioria
das vezes, o que acaba prevalecendo é a nossa própria vontade, não é?
Muitas vezes procuramos a Deus em oração apenas
pra constar. No final das preces acabamos fazendo aquilo que já havíamos
decidido fazer. Depois sofremos as consequências da nossa desobediência e ainda
achamos que o Senhor está de “marcação” conosco. “Ele não gosta de mim,
pensamos”. Como é fácil confundirmos a nossa própria vontade com a de Deus. É
como se orássemos: Senhor, cumpra-se a Tua vontade, desde que seja igualzinha a
minha! Porém, veja como foi a oração de Cristo, referindo-se à cruz: “Pai, se
queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a
tua”. (Lc 22:42)
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