terça-feira, 8 de janeiro de 2019

OBEDECER A DEUS: SIM OU NÃO?


“Então, chegaram todos os capitães dos exércitos, e Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e todo o povo, desde o menor até ao maior, e disseram a Jeremias, o profeta: Apresentamos-te a nossa humilde súplica, a fim de que rogues ao Senhor, teu Deus, por nós e por este resto; porque, de muitos que éramos, só restamos uns poucos, como vês com os teus próprios olhos; a fim de que o Senhor, teu Deus, nos mostre o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer. Respondeu-lhes Jeremias, o profeta: Já vos ouvi; eis que orarei ao Senhor, vosso Deus, segundo o vosso pedido. Tudo o que o Senhor vos responder, eu vo-lo declararei; não vos ocultarei nada. Então, eles disseram a Jeremias: Seja o Senhor testemunha verdadeira e fiel contra nós, se não fizermos segundo toda a palavra com que o Senhor, teu Deus, te enviar a nós outros. Seja ela boa ou má, obedeceremos à voz do Senhor, nosso Deus, a quem te enviamos, para que nos suceda bem ao obedecermos à voz do Senhor, nosso Deus”. (Jr 42:1-6)

O texto bíblico acima, narra o procedimento do resto do povo de Israel que escapara do exílio, na ocasião em que o rei de Babilônia invadira o país, destruindo as cidades e aprisionando o povo. O rei, propositadamente, deixou alguns para cuidar da terra, porém eles continuavam sob o domínio de Babilônia. Ao que parece, não interessava ao restante do povo ficar em sua terra na condição de escravos.

Provavelmente comentavam entre si: “Vamos embora daqui! No Egito é melhor! O que adianta ficarmos neste lugar! Olha que pobreza! Levaram tudo o que tínhamos! Que tal perguntarmos ao profeta? Melhor ainda: vamos pedir que ele ore por nós, interceda e traga a resposta do Senhor sobre esta questão: Devemos ir ou não ao Egito? ” Será que aquelas poucas pessoas estavam mesmo decididas a obedecer à voz do Deus Altíssimo?

Note que por três vezes eles usaram a expressão “ore ao Senhor, teu Deus” como se o Deus a ser consultado fosse o Deus só do profeta, não deles! Jeremias respondeu “orarei ao Senhor, vosso Deus” e só então eles concordaram, dizendo: “obedeceremos à voz do Senhor, nosso Deus”. Isso parece indicar que o distanciamento deles em relação ao Deus Altíssimo era tão grande, que eles não se sentiam no direito de dizer: “Senhor, nosso Deus”.

Afinal, lendo todo o capítulo e mais alguns seguintes, você vai perceber que eles não cumpriram, ou melhor, não obedeceram à palavra do Senhor. A ordem que o Deus Altíssimo enviou através do profeta Jeremias, pedia que o povo ficasse na sua terra, sem temor, pois o Senhor prometeu que os abençoaria e os livraria de todos os perigos. Então, não vão ao Egito! Mas, eles foram! E sabe o que mais? Levaram o profeta junto, contra a vontade dele! Como quem diz: Você é a nossa garantia!

É de se perguntar: Afinal, por que, então, eles pediram ao profeta para interceder por eles junto a Deus, a fim de saber qual era o direcionamento que agradava ao Senhor, para depois fazer exatamente o contrário? Não basta saber qual é a vontade de Deus. É preciso também cumpri-la! Não haveria em nós essa mesma tendência de desobediência obstinada? Na maioria das vezes, o que acaba prevalecendo é a nossa própria vontade, não é?

Muitas vezes procuramos a Deus em oração apenas pra constar. No final das preces acabamos fazendo aquilo que já havíamos decidido fazer. Depois sofremos as consequências da nossa desobediência e ainda achamos que o Senhor está de “marcação” conosco. “Ele não gosta de mim, pensamos”. Como é fácil confundirmos a nossa própria vontade com a de Deus. É como se orássemos: Senhor, cumpra-se a Tua vontade, desde que seja igualzinha a minha! Porém, veja como foi a oração de Cristo, referindo-se à cruz: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua”. (Lc 22:42)

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