“Palavra que do Senhor veio a Jeremias, nos
dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo: Vai à casa dos
recabitas, fala com eles, leva-os à Casa do Senhor, a uma das câmaras, e
dá-lhes vinho a beber. [...] Então os levei e pus diante dos filhos da casa dos
recabitas taças cheias de vinho e copos e lhes disse: Bebei vinho. Mas eles
disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos
ordenou: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos; [...]
Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto
nos ordenou; de maneira que não bebemos vinho em todos os nossos dias, nem nós,
nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas”. (Jr 35:1-8)
Quem lê o relato bíblico acima, não tem como
evitar o espanto diante dessa cena: Deus mesmo ordenando ao profeta Jeremias
que fosse convidar os recabitas para o acompanharem à igreja e lá lhes oferecer
vinho para beber! Qual a razão disso? Sabemos que os recabitas eram
descendentes da tribo de Benjamim e tinham algo de particular no comportamento
deles. Entre vários costumes, o principal é que não bebiam vinho. De jeito
nenhum! E por quê? Porque Recabe (avô) havia ordenado isso a Jonadabe (pai) e
eles obedeciam com fidelidade o voto assumido.
Assim, os recabitas rejeitaram o vinho que lhes
foi oferecido pelo profeta Jeremias e explicaram direitinho a razão de tal
atitude: Cumprimos fielmente os ensinamentos de nosso pai! Será que a intenção
do Deus Altíssimo era induzir os coitadinhos dos recabitas a quebrar o
compromisso de obediência familiar? Claro que não! O que o Senhor queria mesmo
era dar uma lição ao povo de Israel e usou este fato como exemplo. É como se
Deus dissesse: Estão vendo só? Será que vocês não se envergonham disso? Os
recabitas obedecem com fidelidade os ensinamentos de seu pai, mas vocês não me
obedecem!
“Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de
Israel: Vai, e dize aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém: Acaso
nunca aceitareis a minha advertência para obedecerdes às minhas palavras? Diz o
Senhor. As palavras de Jonadabe, filho de Recabe que ordenou a seus filhos não
bebessem vinho, foram guardadas; pois até ao dia de hoje não beberam, antes
obedecem às ordens de seu pai; a mim, porém, que, começando de madrugada, vos
tenho falado, não me obedecestes. (Jr 35:12-15)
Perceba neste relato sagrado uma reação de
tristeza da parte do Deus Altíssimo ao perceber que o Seu povo não tinha nenhum
interesse em cumprir Suas orientações, enquanto os recabitas demonstravam zelo
especial em cumprir a ordem paterna. Ordem dos pais, porém, humana! Não seria
muito mais especial cumprir as ordens divinas?
E quanto aos cristãos, hoje, como procedem?
Como está o testemunho daqueles que se dizem seguidores de Cristo? Será que o
Deus Altíssimo pode sentir satisfação com o nosso procedimento diante de um
mundo perverso, idólatra e injusto? Ou será que Ele é forçado a reconhecer que
há em nós maior preocupação em cumprir com maior zelo os preceitos humanos do
que os preceitos divinos? Tememos mais as leis dos homens do que as leis de
Deus?
Contudo, o Deus Altíssimo valorizou a conduta
dos recabitas, por isso os elogiou e os usou como exemplo a ser seguido além de
abençoá-los: “À casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o Senhor dos
Exércitos, o Deus de Israel: Pois que obedecestes ao mandamento de Jonadabe,
vosso pai, e guardastes todos os seus preceitos, e tudo fizestes segundo vos
ordenou, por isso, assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Nunca
faltará homem a Jonadabe, filho de Recabe, que esteja na minha presença”. (Jr
35:18-19)
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