“Nunca me assentei na roda dos que se alegram,
nem me regozijei; oprimido por tua mão, eu me assentei solitário, pois já estou
de posse das tuas ameaças. Por que dura a minha dor continuamente, e a minha
ferida me dói e não admite cura? Serias tu para mim como ilusório ribeiro, como
águas que enganam? Portanto, assim diz o Senhor: [...] Eu te porei contra este
povo como forte muro de bronze; eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão
contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para te livrar deles, diz o
Senhor; arrebatar-te-ei das mãos dos iníquos, livrar-te-ei das garras dos
violentos”. (Jr 15:17-21)
Em muitos momentos o profeta Jeremias se
colocava diante do Deus Altíssimo para se debulhar em lágrimas. Queixava-se das
perseguições, das humilhações, dos sofrimentos (tantos morais como físicos), da
situação do povo de Israel, dos falsos profetas e, com certeza, das dúvidas que
brotavam em seu coração quanto aos propósitos do Senhor em relação àquele povo
rebelde. Afinal, tudo o que acontecia ao profeta, indicava que ele estava
recebendo do povo o mal, em troca do bem que estava procurando lhes fazer!
Assim, era como se Jeremias questionasse: Até
quando vamos sustentar essa situação? O que Tu me mandas falar e fazer, eu falo
e faço. Em troca, recebo palavras duras e hostis por parte do povo. As
autoridades me perseguem. Os falsos profetas me ridicularizam, zombam de mim! Estou
sendo perseguido e ameaçado de morte. Já não aguento mais!
Na resposta que o Deus Altíssimo dá ao profeta,
percebemos que Ele revela a real situação de seu servo, mostrando a
superioridade de Jeremias diante de todos os seus inimigos! Era como se
dissesse: Jeremias, então você não percebe que os seus perseguidores lhe veem
como um forte muro de bronze? Veja só! Eu não lhe dei apenas um colete de
bronze! Eu transformei você num forte muro de bronze! Inatingível! Por mais que
eles lhe ataquem, você não será derrotado, meu servo! E sabe por quê? Porque Eu
estou com você! Eu salvo você! Eu livro você! Eu arrebato você das mãos deles!
Penso que se fosse possível, naquele momento, o
profeta Jeremias contemplar a cena da crucificação, ele entenderia que o
próprio Filho de Deus passou por toda a rejeição possível, sofreu todas as
dores possíveis (morais e físicas), foi incompreendido, ridicularizado,
zombado, preso, condenado e crucificado! E recebeu sobre Si, todo o nosso mal,
enquanto, na cruz, providenciava o nosso bem! Diante de tal revelação, é
possível que o profeta Jeremias derramasse lágrimas, porém, lágrimas de
conforto, de gratidão, de alegria, de exultação, por ter sido considerado digno
de sofrer um pouco por amor Àquele que tudo sofreu pela nossa redenção!
Este é o entendimento que todos os servos do
Deus Altíssimo, em todas as épocas, precisam ter: levar a Palavra do Senhor ao
mundo, como ordenou o Senhor Jesus Cristo, pode representar: rejeição,
zombarias, desprezo, perseguições, ameaças, mas, representa também a certeza da
presença do Deus Altíssimo ao nosso lado para nos proteger, nos livrar e nos
arrebatar das mãos dos iníquos e, acima de tudo, fazer os nossos inimigos
pararem derrotados diante de um forte muro de bronze!
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de
quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? Quando malfeitores
me sobrevêm para me destruir, meus opressores e meus inimigos, eles é que
tropeçam e caem. Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará
o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei
confiança”. (Sl 27:1-3)
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