“Disse-lhe ainda o anjo do Senhor: Concebeste,
e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o Senhor te acudiu na
tua aflição. Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão
será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará fronteiro a todos os
seus irmãos. Então ela invocou o nome do Senhor, que lhe falava: Tu és Deus que
vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê? Por isso
aquele poço se chama Beer-Laai-Roi; está entre Cades e Berede. Hagar deu à luz
um filho a Abrão, a seu filho que lhe dera Hagar, chamou-lhe Ismael. Era Abrão
de oitenta e seis anos, quando Hagar lhe deu à luz Ismael.” (Gn 16:11-16)
Não foi sem motivo que Hagar se expressou dessa
maneira: “Tu és Deus que vê.” Uma pessoa na condição de Hagar, escrava, sem
direitos, sem família, sem trabalho, sem abrigo, grávida, abandonada no deserto.
Como descrever tal aflição? Fugia de uma casa onde falavam em Deus o tempo
todo! Para o coração aflito de Hagar, ficava difícil imaginar um Deus que
concordasse com aquela situação.
Talvez, a decepção de Hagar, não fosse somente
por Sarai e Abrão, mas, principalmente, pelo Deus que eles tanto pregavam! E
ali, no deserto, não restava outra alternativa para Hagar, senão afundar no
desespero. É possível que, naquela época, pessoas escravas como Hagar fossem
consideradas como nada, e dependiam totalmente da boa vontade de seus senhores.
Se algum dia fossem rejeitados pelos seus donos, então, nada mais restaria para
eles.
Por isso, todos se sujeitavam, sem questionar. A
autodepreciação de Hagar havia chegado ao limite do insuportável. Assim, quando
ela viu o anjo do Senhor que falava com ela, exclamou: “Tu és Deus que vê!” E
isto vale dizer: “ E eu que pensava que ninguém estivesse preocupado comigo! E
agora percebo que Deus me vê! O Senhor vê as minhas aflições! Ainda que todos
me abandonem, o Deus Altíssimo me protegerá!
O fato de Deus ter enviado o Seu anjo ao
encontro de Hagar no deserto, prova que Ele não concordava com a atitude de
Abrão e Sarai em relação à escrava. E quando o anjo orienta Hagar a voltar para
Sarai, e humildemente pedir proteção, mostra que as consequências de uma ação
equivocada, precisam ser reparadas por quem as cometeu. Vocês, Abrão e Sarai,
causaram esta situação? Agora, resolvam, assumam!
Assim, Hagar voltou para a casa de seus
senhores e, no tempo certo, nasceu Ismael. E como o Deus Altíssimo não faz
acepção de pessoas, traçou um futuro glorioso para Hagar e seu filho. Nas
palavras do mensageiro do Senhor, podemos perceber: Você vai ter um filho, o
nome dele será Ismael e O Senhor fará dele também uma grande nação. E a prova
disso é que até hoje, os descendentes de Ismael estão ocupando o seu espaço no
mundo, fazendo a sua história! São as nações árabes!
Penso que todos nós precisamos ter esta
experiência com o Deus Altíssimo: a certeza de que Ele é o Deus que vê! Quando
tivermos este aprendizado, então, nunca mais temeremos nenhuma ameaça! E nunca
mais ficaremos impressionados com qualquer situação de abandono! Saberemos, por
experiência, que o Senhor é misericordioso, que Ele está atento às aflições de
cada um de nós, que Ele não despreza ninguém. Sim, o Deus Altíssimo não aceita
tiranias, opressões e preconceitos que dominam as atitudes humanas! E lá no
calvário, ficou evidenciado que Deus fez mais do que mandar um anjo ao nosso
encontro: Ele enviou o Seu próprio Filho Unigênito, Jesus Cristo que, ao
estender seus braços na cruz, nos alcançou, nos perdoou e nos libertou!
“Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a
remissão dos pecados.” (Cl 1:13-14)
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