“Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava
filhos. Mas tinha uma serva egípcia, cujo nome era Hagar. Disse, pois Sarai a
Abrão: “O Senhor me tem impedido de ter filhos. Toma a minha serva; porventura
terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. Assim, Sarai, mulher de Abrão,
tomou Hagar egípcia, sua serva, e deu por mulher a Abrão, seu marido, depois de
ter Abrão habitado dez anos na terra de Canaã. Ele conheceu a Hagar, e ela
concebeu. Vendo ela que concebera, desprezou a sua senhora.” (Gn 16:1-4)
Não é nada fácil compreender o relacionamento
afetivo existente entre Abrão e Sarai. É importante perceber que quando o
Senhor Deus chamou Abrão para fazer uma aliança com ele, pelo que se deduz do
relato, Abrão já era casado com Sarai. E esse casamento é uma incógnita! Começa
pelo fato de Sarai ser irmã de Abrão por parte de pai. Ora, não haveria mais
moças na época de Abrão, com quem ele pudesse casar? Tinha que escolher logo
uma quase irmã?
Estamos habituados a ouvir explicações que nos
dão a respeito deste assunto, e tentam nos convencer de que, naquela época,
isso era comum. Seria mesmo? Então, por que Abrão tinha o costume de negar que
Sarai era sua mulher? Quando era favorável para ele, Sarai era apresentada como
irmã! Muito estranho isso! E Sarai, por que concordava com essa situação? Qual
era a base afetiva desse matrimônio, afinal?
O registro bíblico informa que Sarai era
estéril. E aqui aparece um grande obstáculo para o casal. Eles precisavam ter
um descendente. Pelo menos um! Mas não tinham. Abrão se inquietava. Por três
vezes, procurou alternativas, se considerarmos que Abrão carregou o sobrinho Ló
como um possível herdeiro, depois pensou em fazer do seu escravo, Eliezer,
aquele que herdaria seus bens e, finalmente, quando Sarai lhe oferece a serva
egípcia Hagar para, através dela, conseguir o descendente tão desejado.
Outra explicação que nos dão é que tudo isso
não passava de um teste de fé! Que Deus teria permitido toda essa situação para
provar o casal. Para saber até que ponto eles confiavam em Deus. Isto até pode
ser, mas, no meu entendimento, há outra razão que pode explicar o porquê desses
dilemas. Você já parou para refletir se tudo isso não seria resultado de uma
união inadequada? Será que esse tipo de envolvimento tem a aprovação de Deus?
No capítulo dezoito do livro de Levítico,
encontramos o que Deus pensa de relacionamentos ilícitos. Ali, Deus proíbe
uniões do tipo como essa entre Abrão e Sarai. Em alguns casos, a sentença era:
“sem filhos morrerão”. Não poderia ser essa a razão porque Abrão e Sarai não
conseguiam ter filhos? Afinal, é notório que casamento entre “consanguíneos”
não é indicado para o exercício da concepção humana. Alguém poderia argumentar:
mas Deus mesmo chamou Abrão para dele fazer uma grande nação e Ele já sabia que
Abrão era casado com Sarai! Se Deus não aprovasse aquela união, por que, então,
os escolheu?
Não permita que o maligno coloque a semente da
desconfiança em seu coração. Considere:
- · As ordenanças que orientariam o povo judeu com respeito às questões mencionadas acima, só aconteceram séculos depois do chamado de Abrão. Assim, o envolvimento conjugal de Abrão e Sarai, não teria sido com a intenção de ofender a Deus.
- · As Escrituras demonstram que para cada propósito estabelecido por Deus, o maligno levanta-se para contrariar. Ora, visto que o propósito de Deus era formar uma grande nação através de Abrão, não haveria interesse no inimigo, no sentido de tentar impedir que os planos de Deus se concretizassem?
A lição a aprender é que precisamos tomar
cuidado com as nossas escolhas. Elas podem estar sendo instigadas pelo maligno,
numa tentativa de nos colocar contra Deus, com o objetivo de impedir que o Deus
Altíssimo execute os Seus planos através de nós! O que o inimigo não consegue
impedir é que a soberania de Deus anule as armadilhas malignas!
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