Pôs-se Jacó a caminho e se foi à terra do povo do Oriente. Olhou, e eis um poço no campo e três rebanhos de ovelhas deitados junto dele; porque daquele poço davam de beber aos rebanhos; e havia grande pedra que tapava a boca do poço. Ajuntavam-se ali todos os rebanhos, os pastores removiam a pedra da boca do poço, davam de beber às ovelhas e tornavam a colocá-la no seu devido lugar. Perguntou-lhes Jacó: Meus irmãos, donde sois? Responderam: Somos de Harã. Perguntou-lhes: Conheceis a Labão, filho de Naor? Responderam: Conhecemos. Ele está bom? Perguntou ainda Jacó. Responderam: Está bom. Raquel, sua filha, vem vindo aí com as ovelhas”. (Gn 29:1-6)
Temos aqui o encontro de Jacó com Raquel, aquela que seria
sua esposa, quando seu tio, Labão, concordasse. Sim, porque Jacó herdou algumas
características de seu tio, irmão de sua mãe, Rebeca, pois eram peritos em
enganar, tramar, alguns diriam, espertos e audaciosos. O fato é que Jacó tinha
umas atitudes duvidosas, principalmente em relação ao seu irmão Esaú, o que
causou separação entre eles. Poderíamos dizer que Esaú ficou furioso com Jacó,
de mal mesmo, bicudo até, ao ponto de desejar matar o próprio irmão.
Acontece que Esaú também não era lá essas coisas, pois
desagradou ao Deus Altíssimo, quando vendeu (?) o seu direito de primogenitura
a Jacó, cuja moeda de negociação foi “um cozido de lentilhas”, o que levou o
Senhor a rejeitá-lo! Mas, não pense que Jacó não sofreu pelo que fez, sofreu
sim, acabou experimentando o próprio veneno, quando também foi sofridamente
enganado pelo próprio “titio bonzinho”!
Sim, porque há um princípio bíblico que diz: “Não vos
enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também
ceifará”. (Gl 6:7) Acredito que quando Labão negociava com Jacó, um olhava
desconfiado para o outro e pensava: O que será que ele está tramando agora?
Labão tinha um trunfo: Raquel! Jacó estava tão apaixonado por ela, que assim
que a conheceu junto ao poço, onde se reuniram os pastores, esperando uns pelos
outros para juntos removerem a pedra pesadíssima que tapava o poço, e não é que
Jacó, movido pela força do amor, fez a gentileza de sozinho, tirar a pedra e
dar água ao rebanho de Raquel? Pelo menos é o que o relato indica!
Você precisa ler o capítulo 29 inteiro para perceber as
manobras do titio com o sobrinho. Na verdade, Labão “arrancou o coro” de Jacó.
Para conseguir casar com Raquel, Jacó precisou trabalhar de graça para seu tio,
por sete anos. No dia do casamento, Labão entregou Lia, irmã mais velha de
Raquel, e assim, por mais sete anos de trabalho, ele, finalmente recebeu como
esposa, a sua amada Raquel.
E não parou por aí, depois que Jacó aprendeu a lição, e viu
como é sofrido ser enganado, chegou o momento da decisão: Vou embora! Vou
voltar para meus pais. Levo minha família e tudo o que conquistei e não quero
nunca mais viver em clima de enganação e saqueamento. Chega! Aprendi a lição.
Assim, aprendemos que o Deus Altíssimo não aprova nossas falhas
e fraquezas, mas, trabalha através delas o nosso caráter e personalidade,
permitindo que passemos por circunstâncias penosas, pois há lições que
precisamos aprender! Como vaso de barro nas mãos do oleiro, quando o vaso está
com defeitos, ele é quebrado, trabalhado com perícia pelo oleiro que o
transforma em vaso de honra, vaso de bênçãos!
“Palavra do Senhor que veio a Jeremias, dizendo: Dispõe-te, e
desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. Desci à casa do
oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. Como o vaso
que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro
vaso, segundo bem lhe pareceu. Então, veio a mim a palavra do Senhor: Não
poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? – diz o Senhor;
eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de
Israel”. (Jr 18:1-6)
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