“Tendo-se envelhecido Isaque e já não podendo ver, porque os olhos se lhe enfraqueciam, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e lhe disse: Meu filho! Respondeu ele: Aqui estou! Disse-lhe o pai: Estou velho e não sei o dia da minha morte. Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, sai ao campo, e apanha para mim alguma caça, e faze-me uma comida saborosa, como eu aprecio, e traze-ma, para que eu coma e te abençoe antes que eu morra”. (Gn 27:1-4)
Quem lê este relato bíblico completo (todo o capítulo 27)
fica penalizado com o que aconteceu com Esaú, filho mais velho de Isaque, pois
percebe que ele acabou perdendo a bênção que, num primeiro momento, parecia ser
dele. Fica aquela impressão: Ah! Coitadinho, foi enganado pela própria mãe e
irmão! Dá vontade de chorar com ele!
Veja só o que fizeram com o ancião Isaque: Aproveitaram-se da
velhice dele, pois já não enxergava nem ouvia direito e achava, com razão, que
estava para morrer e queria despedir-se do filho primogênito, porém, em grande
estilo! Meu filho, você é um grande caçador! E sabe fazer uma comida saborosa
do jeitinho que eu gosto! Então, meu último desejo, atenda, por favor! Vou
partir, mas com a alegria de ter me fartado! E assim, quero lhe dar a bênção
que o Senhor reservou para você! Só que não!
Rebeca e Jacó tramaram enganar o velhinho. Ela preparou a
comida tão saborosa como a de Esaú, afinal, mãe sabe cozinhar melhor que o
filho, não é? Jacó disfarçou-se de Esaú. Vestiu as roupas do irmão, cobriu-se
de peles de cabrito nas mãos e no pescoço, para ficar peludo como Esaú, a
comida estava cheirosa e gostosa, mas, e a voz? Não vai ter problema! Papai já
não ouve direito!
E assim, Isaque ficou todo atordoado: É você mesmo Esaú? A
voz é de Jacó, porém as mãos são de Esaú. A comida está muito saborosa!
Terminada a refeição, Isaque chamou seu filho, e abençoou a Jacó, com a bênção
que ele achava que deveria ser de Esaú! Entendeu?
E agora vem o veredicto: Isso foi muito injusto! Foi mesmo? É
preciso conhecer o contexto! Esaú acusou Jacó de tê-lo enganado duas vezes:
“Disse Esaú: Não é com razão que se chama ele Jacó? Pois já duas vezes me
enganou: tirou-me o direito de primogenitura e agora usurpa a bênção que era
minha”. (Gn 27:36)
Esaú não tinha nenhum discernimento espiritual! O direito de
Primogenitura ele próprio desprezou e rejeitou por um guisado! Não valorizou o
fato de que essa condição de primogênito lhe dava o direito de receber a bênção
da “aliança eterna que o Deus Altíssimo fizera com Abraão, Isaque e... Jacó,
pois Esaú a desprezou”. Significativo é o fato de que por um prato de comida
ele rejeitou a bênção e, novamente, por um prato de comida ele a perdeu!
Esse fato não está registrado apenas como valor histórico.
Ele mostra o que vem acontecendo com a humanidade em todo o transcorrer da
história humana! E no aspecto espiritual! O Deus Altíssimo oferece a bênção da
vida eterna com Ele, bênção que custou o sacrifício expiatório de Cristo no
Calvário! E, no entanto, o grupo que segue Esaú, tem rejeitado esta bênção por
motivos até inferiores a um prato de comida!
Saibam, pois, todos os que rejeitam a Cristo que, assim como
Esaú recusou a bênção da aliança com Deus, acabou perdendo também a bênção da
comunhão com o Senhor; isso acontecerá com aqueles que rejeitam a Cristo. Se
rejeitarem a aliança pelo sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo, perderão a bênção de viverem eternamente com o Deus Altíssimo por toda a
eternidade!
“[...] nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o
qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura. Pois sabeis também
que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou
lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado”. (Hb
12:16-17)
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