terça-feira, 1 de setembro de 2020

CRISTÃOS - INCOMODAM?

 


“[...] Isaque, pois, ficou em Gerar. Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cento por um, porque o Senhor o abençoava. Enriqueceu-se o homem, prosperou, ficou riquíssimo; possuía ovelhas e bois e grande número de servos, de maneira que os filisteus lhe tinham inveja. E, por isso, lhe entulharam todos os poços que os servos de seu pai haviam cavado, nos dias de Abraão, enchendo-os de terra. Disse Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque já és muito mais poderoso do que nós”. (Gn 26:6; 12-16)

 

As cenas descritas acima mostram como tem sido os relacionamentos sociais do povo de Deus no meio da sociedade. Não adianta os cristãos desejarem uma vida sem atritos no meio em que vivem. Simplesmente, não dá! Isaque, no seu tempo, tentou de todas as formas viver “numa boa” com seus vizinhos, os filisteus, até porque, vivia ali de favor.

 

Perceba que o sentimento que causava atrito entre filisteus e a família de Isaque tem um nome que explica o porquê de tantos atritos no mundo: Inveja! E, por quê? Porque Isaque era abençoado pelo Deus Altíssimo e tudo o que ele fazia, prosperava. Tornou-se riquíssimo! Porém, era trabalhador! Fazia o seu dever.

 

A inveja dos filisteus era tanta que apelaram para a sabotagem! Que tal a gente entulhar os poços de água deles, com terra? Aí, quero ver como seus animais vão sobreviver sem água! O rei dos filisteus, percebendo que havia risco de desentendimentos mais sérios, pede para Isaque: Vá embora daqui! Você já é mais poderoso do que nós!

 

Isaque vai para o vale e, chegando lá, seus servos fizeram a única coisa que sabiam fazer: Cavaram outro poço! Vieram os filisteus e o tomaram. Cavaram outro, tomaram também! Na terceira tentativa, os filisteus, já cansados de se apropriarem dos poços dos outros, desistiram de brigar. Ufa! Até que enfim! Um pouco de paz!

 

Esse poço mereceu até um nome especial: Reobote! Depois, Isaque chegou em Berseba. Ali, levantou um altar ao Deus Altíssimo, que falou com ele: “Na mesma noite, lhe apareceu o Senhor e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo”. (Gn 26:24-25)

 

O importante é notar que Isaque cultivava a comunhão com o Deus Altíssimo! Por isso, ele enfrentava as provocações dos filisteus com paciência, tolerância e trabalho! Tinha consciência do testemunho de sua fé e do que o Senhor esperava dele! Era como se Deus lhe sussurrasse ao ouvido: Eu sei que não é fácil! Estou com você! Não desanime!

 

A diferença entre Isaque e os cristãos de hoje é que alguns “cristãos” não aceitam ceder como fez Isaque! É como se dissessem: Este poço é meu, eu que cavei e vou brigar na justiça pelos meus direitos! E vou pedir também indenização pelos prejuízos causados! Vocês entulharam meus poços! Deixar por isso mesmo? De jeito nenhum! Se bobear, a gente se “rola nos tapas”! Confesso que eu me enquadro mais nesse grupo! Infelizmente.

 

Em algumas situações é possível que os cristãos tenham que defender seus direitos, porém, dentro do que as Escrituras estabelecem! Veja só que orientação significativa: “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quando depender de vós, tende paz com todos os homens”. (Rm 12:17-18)

 

Sendo assim, é importante que haja discernimento cristão para entender que a convivência numa sociedade contrária à nossa fé, não é fácil! Não dá para ficarmos na ilusão de que seremos aplaudidos por sermos cristãos! Se o próprio Cristo foi censurado, criticado, provocado, rejeitado e até crucificado pela sociedade do seu tempo, por que seria diferente conosco? Aliás, o próprio Senhor Jesus já nos alertou:

 

“Estas cousas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. (Jo 16:33)

   

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