“Tomaram, então, a Jeremias e o lançaram na
cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; desceram a
Jeremias com cordas. Na cisterna não havia água, senão lama; e Jeremias se
atolou na lama. Ouviu Ebede-Meleque, o etíope, eunuco que estava na casa do
rei, que tinham metido a Jeremias na cisterna; ora, estando o rei assentado à
Porta de Benjamim, saiu Ebede-Meleque da casa do rei e lhe falou: Ó rei, senhor
meu, agiram mal estes homens em tudo quanto fizeram a Jeremias, o profeta, que
lançaram na cisterna; no lugar onde se acha, morrerá de fome, pois já não há
pão na cidade. Então, deu ordem o rei a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Toma
contigo daqui trinta homens e tira da cisterna o profeta Jeremias, antes que
morra”. (Jr 38:6-10)
Nessa narrativa bíblica, percebemos dois
personagens distintos desempenhando cada um funções bem diferentes. Por um lado
temos o profeta Jeremias, servo do Deus Altíssimo, sendo lançado numa cisterna
cheia de lama, onde ficou atolado. Ele foi colocado ali pelos inimigos de Deus,
justamente para morrer! Por outro lado temos Ebede-Meleque, eunuco, etíope a
serviço do rei Zedequias.
Por que o profeta Jeremias foi tratado dessa
maneira? Que mal ele havia feito? Resposta: Nenhum! Então, por que essas
pessoas ruins agiram desse modo tão cruel? Resposta: Porque as mensagens de
Jeremias, dadas pelo Deus Altíssimo, eram palavras de exortação, de convite ao
arrependimento e aviso de todas as consequências que a nação de Israel
sofreria, caso não atendesse à voz do Senhor.
Porém, o povo, e até mesmo as autoridades não
estavam interessados em fazer a vontade de Deus. Assim, quantas vezes o profeta
foi maltratado, humilhado, desacreditado e preso. Nessa ocasião, quando
Jeremias estava na cisterna, o escravo etíope, Ebede-Meleque, não aguentou ver
tanta maldade, e foi interceder junto ao rei pela vida do profeta. Nessa
atitude, nota-se uma virtude comum aos dois: Jeremias e Ebede-Meleque: ambos
eram tementes e fiéis ao Deus Altíssimo! Funções diferentes, porém, a mesma fé!
É notável como Deus livrou Jeremias daquela
situação difícil, usando um escravo, eunuco, etíope, que servia no palácio do
rei Zedequias. Ebede-Meleque seria o que chamaríamos hoje um escravo africano,
pessoa de procedência humilde, constrangido pela sua condição de eunuco, sendo,
possivelmente, alguém que passaria sem ser notado. No entanto, era um homem
temente a Deus e se colocou em defesa do profeta diante do rei. Zedequias
atendeu ao pedido do escravo e permitiu que Jeremias fosse libertado.
Algum tempo depois, quando Jerusalém tinha sido
dominada pelos inimigos, e o rei de Babilônia mandara incendiar e destruir a
cidade, o Deus Altíssimo armou um esquema especial para salvar o profeta
Jeremias, e também não se esqueceu daquele humilde escravo, Ebede-Meleque, o
etíope, eunuco, que a despeito de sua condição, foi um precioso instrumento de
libertação nas mãos do Senhor.
Eis a mensagem de Deus enviada especialmente
para Ebede-Meleque: “Ora, tinha vindo a Jeremias a palavra do Senhor, estando
ele ainda detido no átrio da guarda, dizendo: Vai e fala a Ebede-Meleque, o
etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que eu
trarei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e se
cumprirão diante de ti naquele dia. A ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o
Senhor, e não serás entregue nas mãos dos homens a quem temes. Pois certamente
te salvarei, e não cairás à espada, porque a tua vida te será como despojo,
porquanto confiaste em mim”. (Jr 39:15-18)
Aprendemos, diante deste episódio, que na obra
de Deus há trabalho para todos. E o Senhor não usa de critérios ou valores
humanos na escolha de Seus servos. Houve uma missão extraordinária dada ao
profeta Jeremias, mas houve também uma missão de salvamento dada ao humilde
escravo que servia no palácio do rei, e sem a qual Jeremias não poderia
continuar o seu ministério.
Quando o Deus Altíssimo age, não há grandes nem
pequenos, nem fortes nem fracos, mas a certeza de que o Senhor contempla em
cada um de nós o valor que Ele mesmo nos concedeu!
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