“Quando Abrão tinha noventa e nove anos de
idade, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na
minha presença, e sê perfeito.” (Gn 17:1)
Duas exigências o Deus Altíssimo fez ao seu
servo Abrão: “Anda na minha presença e sê perfeito”. Parece então, que a
perfeição é o resultado de se andar na presença de Deus. Assim, é como se fosse
uma reação em cadeia: a pessoa anda na presença do Senhor, torna-se perfeito e
o poder de Deus se manifesta na vida dessa pessoa! Simples? Resta saber se isso
é humanamente possível!
Será que o Deus Altíssimo está estabelecendo um
padrão muito elevado para nós, pobres mortais? O que será que Abrão pensou ao
ouvir estas palavras: Sê perfeito? Provavelmente ele pensou em todas as
bobagens que já havia feito e sentiu um calafrio na espinha ao perceber a
enorme responsabilidade que pesava em seus ombros: Perfeito? Eu?...
Será que a partir desse encontro com Deus, Abrão
não pecou mais? Se lermos o registro sagrado, veremos que não muito tempo
depois, Abrão mentiu novamente a respeito de Sarai. Mesmo que ele não tivesse
cometido nem um deslize até aquele momento, a partir daquele instante, Abrão já
não poderia considerar-se perfeito.
Será que quando Deus disse “sê perfeito”, Ele
estaria dizendo que Abrão não deveria mais pecar? E isso seria possível? Se
olharmos a natureza humana, diríamos que essa exigência de Deus em determinar a
perfeição para o ser humano, está completamente fora da realidade. Porém, já
que foi Deus mesmo quem proferiu estas palavras a Abrão, então, resta-nos
procurar entender como atingir este estado de perfeição.
Temos aqui um dilema para resolver. Sim, porque
as Escrituras revelam não haver um justo sequer! “Como está escrito: Não há
justo, nem sequer um” (Rm 3:10); “Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” (Rm 3:23). Sendo assim,
por que o Deus Altíssimo exigiu perfeição de Seu servo Abrão? Como conciliar estas duas situações?
E a resposta é: a cruz de Cristo! Foi no
Gólgota que Deus Pai resolveu o impasse do pecado! Foi ali, que o Deus
Altíssimo providenciou a expiação das nossas transgressões! “Carregando ele
mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados...” (I Pe 2:24) “Mas ele
foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados.” (Is 53:5)
Quando Deus escolheu Abrão para dele fazer uma
nação, é porque o Deus Altíssimo já estava preparando o caminho para a vinda do
Salvador ao mundo. Assim, entenda-se: Não existe perfeição no ser humano! A
perfeição está em Cristo Jesus! Por isso Ele se fez homem para assumir o nosso
lugar e levar sobre Si as nossas culpas! Só Cristo satisfaz a exigência de Deus
Pai.
O apóstolo Paulo escreveu: “ A Ele (Jesus)
anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em sabedoria,
para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.” (Cl 1:28) Portanto, o
cristão não é perfeito por obra e graça de sua própria competência, mas
torna-se perfeito aos olhos de Deus, porque Deus mesmo atribui a nós a
perfeição de Seu Filho Jesus Cristo!
“Com efeito nos convinha um sumo sacerdote,
assim como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito
mais alto do que os céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de
oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro por seus próprios pecados, depois
pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se
ofereceu. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza,
mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho
(Cristo), perfeito para sempre.” (Hb 7:26-28)
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