quinta-feira, 21 de junho de 2012

O QUE VESTIR


“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; coseram, pois, folhas de figueira, e cingiram-se. Então ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu, e escondi-me. Perguntou-lhe Deus: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Disse o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me da árvore, e eu comi. Então disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.” (Gn 3:7-13)
                Não é difícil perceber os efeitos maléficos que o pecado causou na natureza humana. Mas não precisou nem de um prazo para observações. Os efeitos foram imediatos. Primeiro sintoma: consciência do mal. Perceberam que estavam nus e trataram de confeccionar umas roupinhas com o único tecido disponível naquele momento: folhas de figueira! Se ficaram bonitos? Provavelmente, não, pois não tiveram coragem de desfilar para Deus! Aliás, até se esconderam.
                Parece muito simplista imaginar que toda a tragédia do pecado na raça humana, se restringisse ao fato de que Adão e Eva andavam nus no jardim do Éden! Mais absurdo ainda, seria imaginar que o Senhor nosso Deus tivesse algum tipo de prazer em observar as suas criaturas andando nuas sobre a terra, e se divertisse com o fato de eles nem perceberem isso! Ora, o problema não estava em usar ou deixar de usar roupas, mas no fato de sentirem vergonha da própria nudez. E por que sentiam vergonha? Vai me dizer que eles não sabiam que os seus corpos eram do jeito que eram? Será que ser santo significa ser cego?
                É claro que esta questão não deve ser encarada de forma tão simplista assim! Há de ter uma razão mais séria nessa atitude! Por que usamos roupas hoje? Em lugares frios, o motivo é evidente: precisamos nos aquecer. E nos lugares quentes? As roupas são mais leves, é bem verdade, mas não deixam de ser usadas. Qual seria o motivo? Esconder as imperfeições do corpo? Não despertar a malícia? Conter o apetite sexual? Não despertar a sensualidade? Alguns pensam que o ato sexual só teria sido praticado após a entrada do pecado na raça humana. Que, se Eva não tivesse comido do fruto proibido, eles estariam até hoje, lá no jardim do Éden, olhando um para o outro, comendo frutinhas.
                Esse raciocínio, além de infantil, apresenta um Deus que faz um projeto, sem saber para que serve! É claro que não existe nenhum pecado no ato sexual, quando praticado dentro dos propósitos de Deus! E não seria pecado nem antes, nem depois da queda da raça humana. Há até a possibilidade de ele ter sido praticado, antes mesmo do pecado ter contaminado a humanidade. Nesse caso, a referência bíblica registrada em Gênesis 6:2 poderia estar se referindo a esses descendentes. 
                Assim, aprendemos que o fato do ser humano passar a preocupar-se com o que vestir, é resultado direto de uma contingência que o pecado impôs ao homem, no sentido de fazê-lo viver em constante estado de preocupação, angústia, vergonha, medo, insegurança, a ponto de Cristo fazer esta advertência: “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? Qual de vós poderá, com as suas preocupações, acrescentar uma única hora ao curso de sua vida? Quanto ao vestuário, por que andais ansiosos? Observai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?” (Mt 6:25-30)

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