“Então
foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; coseram, pois,
folhas de figueira, e cingiram-se. Então ouvindo a voz do Senhor Deus, que
passeava no jardim pela viração do dia, esconderam-se o homem e sua mulher da presença
do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. Mas chamou o Senhor Deus ao homem,
e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim e tive
medo, porque estava nu, e escondi-me. Perguntou-lhe Deus: Quem te mostrou que
estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Disse o
homem: A mulher que me deste por companheira deu-me da árvore, e eu comi. Então
disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A
serpente me enganou, e eu comi.” (Gn 3:7-13)
Não é difícil perceber os
efeitos maléficos que o pecado causou na natureza humana. Mas não precisou nem
de um prazo para observações. Os efeitos foram imediatos. Primeiro sintoma: consciência
do mal. Perceberam que estavam nus e trataram de confeccionar umas roupinhas
com o único tecido disponível naquele momento: folhas de figueira! Se ficaram
bonitos? Provavelmente, não, pois não tiveram coragem de desfilar para Deus!
Aliás, até se esconderam.
Parece muito simplista imaginar
que toda a tragédia do pecado na raça humana, se restringisse ao fato de que
Adão e Eva andavam nus no jardim do Éden! Mais absurdo ainda, seria imaginar
que o Senhor nosso Deus tivesse algum tipo de prazer em observar as suas
criaturas andando nuas sobre a terra, e se divertisse com o fato de eles nem
perceberem isso! Ora, o problema não estava em usar ou deixar de usar roupas,
mas no fato de sentirem vergonha da própria nudez. E por que sentiam vergonha?
Vai me dizer que eles não sabiam que os seus corpos eram do jeito que eram?
Será que ser santo significa ser cego?
É claro que esta questão não
deve ser encarada de forma tão simplista assim! Há de ter uma razão mais séria
nessa atitude! Por que usamos roupas hoje? Em lugares frios, o motivo é
evidente: precisamos nos aquecer. E nos lugares quentes? As roupas são mais
leves, é bem verdade, mas não deixam de ser usadas. Qual seria o motivo?
Esconder as imperfeições do corpo? Não despertar a malícia? Conter o apetite
sexual? Não despertar a sensualidade? Alguns pensam que o ato sexual só teria
sido praticado após a entrada do pecado na raça humana. Que, se Eva não tivesse
comido do fruto proibido, eles estariam até hoje, lá no jardim do Éden, olhando
um para o outro, comendo frutinhas.
Esse raciocínio, além de
infantil, apresenta um Deus que faz um projeto, sem saber para que serve! É
claro que não existe nenhum pecado no ato sexual, quando praticado dentro dos
propósitos de Deus! E não seria pecado nem antes, nem depois da queda da raça
humana. Há até a possibilidade de ele ter sido praticado, antes mesmo do pecado
ter contaminado a humanidade. Nesse caso, a referência bíblica registrada em
Gênesis 6:2 poderia estar se referindo a esses descendentes.
Assim, aprendemos que o fato do
ser humano passar a preocupar-se com o que vestir, é resultado direto de uma
contingência que o pecado impôs ao homem, no sentido de fazê-lo viver em
constante estado de preocupação, angústia, vergonha, medo, insegurança, a ponto
de Cristo fazer esta advertência: “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto
ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo quanto ao que haveis de
vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
Qual de vós poderá, com as suas preocupações, acrescentar uma única hora ao
curso de sua vida? Quanto ao vestuário, por que andais ansiosos? Observai como
crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, vos digo
que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Se
Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno,
não vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?” (Mt 6:25-30)
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