“Há uns homens judeus, que tu constituíste
sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego;
estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti. A teus deuses não servem, nem
adoram a estátua de ouro que levantaste. Então, Nabucodonosor, com ira e furor,
mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. De sorte que estes homens foram
levados à presença do rei. Disse-lhes Nabucodonosor: É de propósito, ó
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a
estátua de ouro que levantei? Agora, se estais prontos, quando ouvirdes o som
da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da gaita de foles, e
de toda a sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz,
bom é. Mas se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, na fornalha de
fogo ardente. E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Dn
3:12-15)
Temos, então, neste relato, três situações
curiosas: A primeira é a forma como os assessores do rei - os políticos da
época - inimigos dos príncipes de Judá, se aproveitaram deste episódio para se
vingar dos jovens judeus, principalmente
porque, sendo eles estrangeiros cativos em Babilônia, ocupavam cargos políticos
importantes no império. Por certo, pensavam: “Estes cargos, por direito,
deveriam ser nossos! Não podemos permitir que continuem a nos dar ordens.
É humilhante demais!”
Assim, os assessores políticos do rei,
aproximaram-se dele e disseram: “Há uns homens judeus, que tu constituíste
sobre os negócios da província...” Isto é o mesmo que insinuar: - Está vendo só
nas mãos de quem vossa majestade entregou os negócios do império? E significa
também: inveja, ciúme, ódio, intriga, mexerico, gosto por semear discórdias,
prazer em ver a desgraça alheia e todo tipo de sentimentos negativos, que só
mesmo quem não tem Deus no coração, alimenta tais desejos!
Em segundo lugar, vemos a reação do rei
Nabucodonosor, que não surpreende em nada! Com ira e furor mandou chamar os
jovens príncipes de Judá e falou: É verdade que vocês fizeram esta desfeita
comigo? Vou dar uma segunda chance a vocês. Por certo, esfregando as mãos e
elogiando a si mesmo – vejam só como eu sou bonzinho! Vou ordenar aos músicos
da minha famosa “Orquestra Sinfônica Babilônica” que ensaiem tudo de novo! Ao
som da primeira nota musical, se vocês se curvarem para adorar a imagem
dourada, muito bem! Palmas pra vocês! Se não, estão vendo aquela fornalha? É
pra lá que vocês vão!
A atitude de Nabucodonosor demonstra também:
orgulho, prepotência, prevalecimento, soberba, sentimentos próprios de quem
ocupa o poder e não tem humildade para reconhecer sua própria insignificância e
que, portanto, se acha no direito de subestimar os outros, usando meios para
coagir, amedrontar e dominar as pessoas!
Em terceiro lugar, vemos o erro mais grave
cometido por um monarca: Nabucodonosor desafiou a Deus! Ele disse: “E quem é o
Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” Esse rei, na sua idolatria,
achava-se superior a Deus. Ele sabia que aquela estátua de ouro fora feita por
encomenda, aliás, como todos os “deuses” dos povos pagãos. É claro, então, que
Nabucodonosor se sentia superior aos seus deuses. E na sua mentalidade pagã, o
Deus Altíssimo seria apenas mais um deus!
Entretanto, veremos na sequência, o quanto
Nabucodonosor estava equivocado. Ao se confrontar com o Deus Altíssimo, único e
verdadeiro, criador dos céus e da terra, o imperador de Babilônia teve a
oportunidade de conhecer o Todo-Poderoso e foi forçado a admitir: “Bendito seja
o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo, e livrou os
seus servos, que confiaram nele [...] porque não há outro Deus que possa livrar
como este.” (Dn 3:28-30)
“A quem, pois, me comparareis para que eu lhe
seja igual? diz o Santo. Levantai ao alto os vossos olhos, e vede. Quem criou
estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem
contadas, as quais ele chama pelos seus nomes; por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar.
Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da
terra, nem se cansa nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento.
Faz forte ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.” (Is
40:25-29)
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