Procura-se um homem. Originalmente, ele não trajava roupa alguma, pois isso não era necessário. Vivia num jardim, um lindo jardim, com toda sorte de árvores frutíferas. Havia pureza ali, amor, paz e muita tranqüilidade. Havia animais também, de todas as espécies. Eles eram mansos, meigos e desconheciam o sofrimento. Todos os dias, ao entardecer, Eu os visitava. Gostava de conversar com eles. Digo eles, porque ele tinha uma companheira: Linda, perfeita! Eu mesmo providenciei para que ela fosse de seu agrado. Como eu me sentia feliz por eles! Eu olhava para eles e via neles a minha imagem e semelhança. Foi por isso que Eu os criei! Queria ter comunhão e amizade com eles.
Mas, um dia, no horário de sempre, Eu os procurei e não os encontrei. Confesso que o meu coração doeu muito! Nunca imaginei que algum dia Eu pudesse sentir falta de alguém. Mas, senti. Tanto que os procurei e perguntei: Onde estás? Foi então que notei o meu amigo, a minha obra-prima vestido de folhas de árvores. Ele sentia vergonha de Mim! Começou a se desculpar. Disse que a sua companheira o induziu a pecar. Ela também culpou o inimigo. Mas, o fato é, que fugiram de Mim, esconderam-se e mal sabiam eles, que apesar de terem pecado contra Mim, eu os amava. Achei aquelas vestes deles impróprias. Queriam esconder a sua nudez com folhas de figueira? Desejei, ardentemente, que eles entendessem que as folhas de figueira cobriam apenas os seus corpos, mas não purificavam suas almas. Foi por isso que providenciei túnicas de peles e os vesti. No sacrifício daqueles cordeiros Eu já apontava para o sacrifício maior, o Meu Cordeiro, que tira o pecado do mundo.
E desde então, passei a procurar o homem. Na tentativa de encontrá-lo e restaurar nele a Minha imagem que o pecado destruiu. Gostaria de dar as características próprias de um homem criado à minha imagem e semelhança, para que fosse possível identificá-lo. Porém, se tenho que fazer um retrato falado do homem a quem procuro, só posso fazê-lo conforme a imagem que o pecado fez dele: Procuro um homem aflito, amargurado, angustiado, às vezes ele se encontra irreconhecível, pode ser aquele ladrão que hoje está preso, pode ser aquele assassino procurado pela sociedade que fez dele um assassino e agora o quer condenar. Pode ser aquele jovem drogado, que tão cedo caiu num poço de desespero. Pode ser aquela mulher aflita, que usa o seu corpo, enquanto belo, para sobreviver. Pode ser aquela criança de rua, que sem saber por que, passa fome e frio. Enfim, não consigo conter as lágrimas, quando me lembro daquele jardim. Ah! Que saudades da comunhão que Eu tinha com o homem que criei. Um dia, não agüentei mais. Enviei o meu Filho Unigênito ao encontro do homem. O mundo não O reconheceu e O crucificou! “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome.” (Jo 1:12)
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